Quão surpreendente é a depravação do
homem natural!
As Escrituras nos ensinam isso abundantemente. Todo
pastor fiel levanta a sua voz como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas.
E a primeira obra do Espírito Santo, no coração, é convencer do pecado. Na
Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais terrível sobre a depravação do
homem natural do que estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu
nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Deus falou
por meio do profeta Isaías (48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e
eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. E Paulo disse: “Éramos,
por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta
passagem de João somos informados de que a incapacidade do homem natural e sua
aversão por Cristo são tão grandes, que não podem ser vencidas por qualquer
outro poder, exceto o poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me
enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Nunca
houve um mestre como Cristo. “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46).
Ele falava com muita autoridade, não como os escribas, mas com dignidade e
poder celestial. Ele falava com grande sabedoria. Falava a verdade sem qualquer
imperfeição. Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de Luz. Ele
falava com bastante amor, com o amor dAquele que estava prestes a dar a sua
vida em favor de seus seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa
contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando quando era ultrajado.
Jesus falava com santidade, porque era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo
isso não atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais precioso oferecido
aos homens. “O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da
vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”
(Jo 6.32, 35). O Salvador de que as pessoas condenadas necessitavam estava
diante delas. Sua mão lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O
Salvador ofereceulhes a Si mesmo. Oh! que cegueira, dureza de coração, morte
espiritual e impiedade desesperadora existem na pessoa não-convertida! Nada
pode mudá-la, exceto a graça do Todo-Poderoso. Oh! homem destituído da graça de
Deus, seus amigos o advertem, os pastores clamam em voz alta, a Bíblia toda o
exorta. Cristo, com todos os seus benefícios, é colocado diante de você.
Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em seu coração, você
permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma.
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer.”
Quão invencível é a graça de Jeová!
Quão invencível é a graça de Jeová!
Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a
Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas em
vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a
Palavra, e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a Jesus.
“Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder” (Sl 110.3).
“Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como
ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o
seu querer, o inclina” (Pv 21.1). Considere um exemplo: um judeu estava
assentado na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa estava enrugada
com as marcas da cobiça, e seus olhos invejosos exibiam a astúcia de um publicano.
Provavelmente, ele ouvira falar de Jesus; talvez O ouvira pregando nas praias
do mar da Galiléia. Mas seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto
que ele continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. O Salvador
passou por ali e, quando olhou para o atarefado Levi, disse-lhe: “Segue- me!”
Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, nenhuma
promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano, e este se
tornou disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Agradou a Deus, que
opera todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade, dar a Mateus um
vislumbre salvador da excelência de Jesus; a graça caiu do céu no coração de
Mateus e o transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava
o mundo agora para ele? Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres
e os louvores do mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor
do que todas essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus. Aprendamos
que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas.
Freqüentemente, somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento
profundo e lógico, para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes,
colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples
exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica, ilumina e
salva. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos
Exércitos” (Zc 4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas simples palavras:
“Segue a Jesus”, faladas em amor, podem ser abençoadas e salvar todos os
ouvintes. Aprendamos a tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à
graça soberana, eficaz e gratuita de Jeová. Um falecido teólogo disse: “Deus
ficou tão irado por Herodes não lhe haver dado glória, que o anjo do Senhor
feriu imediatamente a Herodes, que teve uma morte horrível. Ele foi comido por
vermes e expirou. Ora, se é pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de
uma graça tal como a eloqüência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si
a glória da graça divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso,
excelente e precioso de Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo insiste, em
Efésios 1, que somos salvos pela graça imerecida e gratuita? E como João
atribui toda a glória da salvação à graça gratuita do Senhor Jesus — “Àquele
que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados... a ele a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6). Quão solenes
foram as palavras de Jonathan Edwards, em sua obra Personal
Narrative (Narrativa Pessoal)! “A absoluta soberania e graça gratuita de Deus, em
demonstrar misericórdia àquele para quem Ele quer expressar misericórdia, e a
absoluta dependência do homem quanto às operações do Espírito Santo têm sido
para mim, freqüentemente, doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm
sido o meu grande deleite. A soberania de Deus parece-me uma enorme parte de
sua glória. Tenho sentido deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo
como um Deus soberano, rogando-Lhe misericórdia soberana.”
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