terça-feira, 4 de agosto de 2015

ORAÇÃO (Algumas considerações)


                                           

Talvez uma das ocupações mais negligenciadas ou menosprezadas e, contudo, deveria ser a mais valorizada pelos cristãos em gerais, sem dúvida é a oração. A consideração desse assunto é tão importante que Matthew Henry declarou certa vez: “Quando Deus pretende dispensar grandes misericórdias a seu povo, a primeira coisa que faz é inspirá-lo a orar”.

Dessa declaração podemos concluir: A oração genuinamente espiritual é de origem celestial e não humana. Alguns homens de Deus reconheceram a veracidade do que acabamos de dizer acima, e passo a citá-los em algumas observações próprias. O primeiro deles é Iain H. Murray. Disse ele: “A oração vem de Deus e... o tempo todo ele nos está treinando para orarmos”. De fato, “a oração é como que a respiração da nova natureza dos santos, do mesmo modo que a Palavra de Deus é o seu alimento. Um crente que não ora é uma contradição de termos”¹. A primeira evidência mostrada pelo Senhor de que houve conversão real na vida de Saulo de Tarso foi a sua atitude diante desse santo exercício: “...ele está orando”. “E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando;” (Atos 9:11).

A genuína conversão sempre é acompanha pela genuína oração. O apóstolo Paulo foi capturado pela visão celestial de Cristo e seu primeiro reconhecimento da soberania de Deus foi reverenciá-Lo através da oração. Um claro conhecimento acerca da soberania de Deus revolucionará toda nossa antiga forma de pensar e certamente abrangerá a oração.
Uma das multiformes graças de Deus como “Divino Ajudador” é a Sua assistência aos Seus santos através desse santo exercício.  “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.” (Romanos 8:26-27)

Provavelmente alguns de nós já temos ouvido a declaração: “A oração muda as coisas”. Quanto a isso me permitam perguntar: Será que muda mesmo? Pelo menos parece que às vezes mudam, ou seja, as coisas estão seguindo em uma direção e então alguma coisa acontece e nós oramos sobre aquilo e a situação muda. E então nós dizemos: A oração muda as coisas. No entanto, precisamos considerar: Tem de fato a oração mudado as coisas? Ou expondo-se de outra forma: Tem de fato a oração mudado a Deus?

Acredito ser esta uma questão fundamental com respeito a oração, porque esta perspectiva nos remete a outras perguntas importantes tais como: Será que a vontade de Deus é acionada pela nossa oração? Precisamos considerar mais acuradamente sobre isso. Imaginemos por um momento: Deus não tem planos e nem ideias. E nós temos uma ideia e a trazemos a Deus em oração. Então Deus pensa sobre aquilo e Ele diz: “Essa é uma ótima ideia, eu vou fazer isso”. Em outras palavras, Deus está aberto a receber a nossa sugestão!

Será que esta é a real situação? Será que a oração muda as coisas? O que nos ensina a palavra de Deus sobre isso? Começamos lendo Efésios capitulo 1 e verso 11. “Nele,(Cristo) digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;”. Aqui começamos a entender que a vontade de Deus é soberana em tudo: “...

Ele faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”. Em tudo, mesmo na nossa salvação: Convencimento do pecado, arrependimento, fé, eleição, predestinação, adoção de filhos, glorificação, iluminação, batismo em Cristo, batismo no Espirito Santo, enfim, tudo na vida cristã é pela graça de Deus, do principio ao fim –, e isto, “segundo o conselho da sua vontade”.  Podemos ler em Salmo 135:5-7 sobre uma gloriosa expressão da soberania de Deus.


“Porque eu conheço que o Senhor é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses. Tudo o que o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. Faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros.” (Salmos 135:5-7).

Esses versos nos mostram que a vontade de Deus não é acionada pela nossa oração, mas que Ele faz aquilo que Lhe agrada a fazer.

Consideremos outra pergunta: Será que a vontade de Deus é mudada pela nossa oração?

Esse é um quadro diferente do anterior. Vamos imaginar mais um ponto: Deus tem algumas ideias, Ele tem planos, mas nós temos um plano diferente e então nós oramos sobre isso, e muitos de nós oramos, e a nossa oração é sincera, e nós oramos por um longo tempo, e então Deus ouve a nossa oração e Ele pensa sobre aquilo e Ele diz: “Sabe, esse plano é melhor do que o meu, então eu vou mudar o meu plano e eu vou fazer o que esse pessoal está pedindo!”

Será que essa é a real situação? Leiamos o que diz Salmo 115:3. “Mas o nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz.” Sim, leitores, Deus faz tudo o que lhe apraz, e não tudo o que nós desejamos. Digno de nota é a declaração como começa esse salmo: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória” (verso 1), ou seja, o crente verdadeiro não está buscando proveito próprio nas suas relações com Deus, mas quer que somente a Deus seja dada glória.

Pensemos agora nas duas perguntas que fizemos acima:

1ª. Será que a vontade de Deus é acionada pela nossa oração? E a resposta certamente é não!

2ª. Será que os planos e a vontade de Deus são mudados pela nossa oração? E a resposta, igualmente, deve ser não!

Isso necessariamente implica numa terceira pergunta: Então por que orar?
Creio que há duas respostas satisfatórias que esclarecerá a visão supracitada. Primeiro, é que Deus ordenou que orássemos e nós devemos ser obedientes a essa ordem. O Senhor Jesus nos ensinou em Lucas 18:1 sobre o dever de orar sempre e nunca desanimar.

Como já disse o irmão John Blanchard: “Oração não é o mínimo que podemos fazer; é o máximo. Tentar fazer alguma coisa para Deus sem oração é tão inútil quanto tentar lançar um satélite com um estilingue”. Mas, não devemos nos esquecer: “Nada está fora do alcance da oração, a não ser aquilo que está fora da vontade de Deus. Deus só responde aos pedidos inspirados por ele. A natureza da bondade divina não está apenas em abrir àqueles que batem, mas também em levá-los a bater e pedir”².

O pastor C.H.Spurgeon (1834-1892) expressou-se certa vez sobre a oração: “As verdadeiras orações são como pombos-correios que encontram seu caminho com extrema facilidade; elas não podem deixar de ir para o céu, pois é do céu que procedem; elas estão apenas voltando para o lugar de onde vieram”.

Alexander Whyte também declarou certa vez: “O maior e melhor talento que Deus dá a qualquer homem ou mulher neste mundo é o talento de orar”.

Em segundo lugar, devemos orar porque a vontade de Deus se realiza na nossa oração. A nossa oração tem uma parte secundária no plano de Deus, mas importante. Ela é importante porque é Deus quem ordenou a oração. Aqui vemos um principio relevante da vida cristã : a cooperação do crente relacionada à vontade de Deus. O Senhor não controla marionetes. Os filhos de Deus relacionam-se com Ele submetendo-se à Sua vontade, cooperando-se com a Sua Graça como disse o apóstolo Paulo: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo.” (1 Coríntios 15:10).

Notemos a expressão do apóstolo: “... a Graça de Deus comigo”, isso significa cooperação. Diz nos a Escritura que a “fé sem as obras é morta”, logo, a oração é a respiração natural da fé.

Vamos enfatizar mais um exemplo biblico sobre o que acabamos de dizer acima. No livro de 1ª Reis capítulo 17, vemos a profecia da parte de Deus entregue através de Elias a Acabe informando-lhe sobre uma grande seca que haveria na terra. E por um periodo de 3 anos e 6 meses houve, de fato, grande seca, e então Deus falou a Elias que iria enviar a chuva e parar aquela seca. E depois disso o que vemos? Encontramos Elias orando pedindo a chuva! Ora, mas Deus já havia prometido a chuva! Então por que orar? Mas Elias orou! Aqui novamente vemos o mesmo principio importantíssimo: Deus decidiu enviar a chuva antes da oração de Elias. Porém, Deus não enviou a chuva até que Elias estivesse orando. Primeiro a vontade de Deus revelada (Soberania), e relacionado à ela, a cooperação de Elias como resposta à soberana vontade do Senhor. A oração de Elias teve uma parte importante ali. Ah! Como precisamos conhecer a vontade de Deus! Somente então oraremos de acordo com a Sua vontade. Já foi dito por um cristão anônimo: Oração é posse por antecipação.

Citando novamente Spurgeon, ele disse que a oração respondida é como um pombo correio. Essa ave é muito interessante. Ela é levada para quilômetros de distância do lugar aonde ela foi mantida por longo tempo. E depois ela é solta lá, e então ela acha o caminho direto para casa, naquele mesmo lugar aonde ela estava antes. A oração respondida é como isso. Ela começa no céu. Deus determina fazer alguma coisa, e depois Ele coloca esse desejo no coração do  Seu povo, e então Ele os liberta em oração, então a oração volta para casa e a vontade de Deus é feita. Foi John Blanchard, quem já disse : “Nada está fora do poder da oração com exceção daquilo que está fora da vontade de Deus”.

Há apenas um tipo de oração a qual Deus está debaixo de um contrato para responder positivamente, e este é “conforme o conselho da Sua vontade”. Vejamos a indicação do Senhor no que toca a Sua vontade. Em João 14:13-14 está escrito: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”.  Leiamos também 1ª João 5:14. “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.”
Comparando os dois versos acima, podemos observar que o nome do Senhor possui tal autoridade e esta se relaciona à sua vontade, de sorte que se pedirmos tudo segundo a sua vontade o Senhor o fará. Logo, também nos é dito que se pedirmos alguma coisa em seu nome - conforme a sua vontade -, o Senhor nos ouve. Vejamos essa relação. O próprio Deus exaltou o nome do Seu Filho, de sorte que, ao nome de Jesus todo joelho se dobrará e toda língua confessará Seu senhorio, tanto nos céus, quanto na terra e debaixo da terra. (Filipenses 2:9-11)

Em que sentido pode-se pedir alguma coisa em Seu nome de acordo com a Sua vontade?

Vamos ilustrar isso. Muitas vezes temos algo importante para fazer e temos necessidade da ajuda de um advogado. Pode ser uma compra ou venda de uma casa, pode ser alguma ação judicial, etc. Então contratamos um advogado e este então diz: “eu vou agir em seu nome”, e as coisas na maioria das vezes se concretizam conforme a necessidade especifica.

No Velho Testamento somos informados que os profetas falaram em nome do SENHOR. O “nome de alguém” nas Escrituras tem um sentido muito importante. Ele procede do sujeito “mente” + o verbo “conhecer”, do que se conclui: “conhecer a mente”. O nome da pessoa na Escritura tem relação com sua natureza. Deixe me dar um exemplo: O nome Jacó na Bíblia significa “aquele que segura o calcanhar”, portanto, “suplantador”, “o que tira vantagem sobre outros pela astúcia”.

Vejamos mais um exemplo. O nome Jesus, conforme alguns estudiosos da Bíblia, tem origem da variante de Oséias e Josué, o que traz o seu significado: Jeová é Salvador. Isso está perfeitamente em harmonia com o que foi atribuído ao Seu nome quando do anúncio do seu nascimento. “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21).

Por isso, orar no nome de Jesus significa orar “de acordo com a mente de Cristo”, “de acordo com o que Ele quer”, “de acordo com a vontade de Deus”. Ou seja, orar no nome de Jesus ou orar de acordo com a vontade de Deus é a mesma coisa. Vale esclarecer: Orar “no nome de Jesus” não significa que vamos adicionar essas palavras no final da oração. Muitos acham que acrescentando essas palavras “no nome de Jesus”, é tudo o que se requer na oração para que ela seja atendida. No entanto, não é isso que significa. Talvez a oração seja motivada pelo egoísmo e não é de acordo com o nome de Jesus. Se não conhecermos a mente do Senhor, apenas estaremos ajuntando essas palavras ali no final da oração. “A oração verdadeira é uma necessidade sentida e despertada em nós pelo Espírito, porquanto pedimos a Deus, em nome de Cristo, aquilo que está de conformidade com a Sua santa vontade”¹.

Talvez já nos perguntemos: Como podemos conhecer a vontade de Deus? Esse é um grande problema em nossa vida. Vamos reler Romanos 8:27. “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.”
Graças a Deus que Paulo falou dessa forma. Devemos nos contentar porque ele não disse: “Nós sempre sabemos sobre o que orar”, ou, “Eu nunca tenho problema quando oro”, ou ainda, “Eu sempre sei o que pedir em oração”. Aqui vemos um principio importante sobre a pregação da Palavra: Uma boa pregação é uma pregação confessional.

Imaginemos por um instante se Paulo, o Apóstolo, se apresentasse em um programa de televisão e dissesse: “Meus telespectadores, eu não sei orar”. Talvez muitos mudariam de canal imediatamente. Mas também Ele não diz: “Eu não sei se nós devemos orar”, ou “Eu não sei a quem devemos orar”, ou ainda, “Eu não sei a que base devemos orar”, e mais, “Eu não sei sobre o que devemos orar”.  Ele diz: “... não sabemos o que havemos de pedir como convém” (Romanos 8:26). Algumas vezes Paulo orou de forma errada. Não é herético dizer que algumas vezes alguns crentes, os apóstolos e os profetas erraram na oração. Paulo certa vez (em 2ª Coríntios 12), orou por três vezes para que o Senhor tirasse o “espinho posto na sua carne”, mas sua oração não foi atendida pelo Senhor, antes foi suprida pela Sua graça.

Um cristão anônimo considerou: “Pedimos prata e, algumas vezes, Deus manda-nos sua negativa embrulhada em ouro”. As orações não respondidas não significam necessariamente que Deus abandonou o seu povo, mas que tem algo mais relevante e esperam gratidão por parte deles. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1ª Tessalonicenses 5:18).

Em sua reflexão sobre o tema disse Jean Ingelow: “Tenho vivido para agradecer a Deus o fato de não terem sido respondidas todas as minhas orações”. Irmãos e irmãs há uma benção debaixo de cada ato de misericórdia do Senhor para com o seu povo e mesmo na falta de resposta às suas orações as mãos de Sua providência não estão encolhidas para não poderem abençoá-los.

Foi assim que o irmão Andrew Murray considerou: “Quando o Senhor quer levar a alma a uma grande fé, deixa suas orações sem resposta”.

Diz-nos o texto que “o Espírito ajuda as nossas fraquezas” (Romanos 8:26), ou seja, a nossa ignorância sobre a vontade de Deus é parte de nossa fraqueza, não de nossa maldade.

A questão é “como sabermos sobre a vontade de Deus”. Vejamos isso sob dois ângulos.

1.       A Escritura. Muitas vezes a vontade de Deus é apresentada na Escritura de maneira clara e detalhada.

2.       Muitas vezes é apresentada na Escritura de maneira ampla.

Deixe-me dar um exemplo. Imaginemos um jovem crente que conhece uma jovem não crente e passa a ter um relacionamento entre ambos. Então ele pede a benção de Deus sobre o seu noivado e casamento. Essa oração está errada porque ele está orando ao contrário de princípios bíblicos claros da Escritura. Não é correto orar sobre alguma coisa quando a Bíblia diz diferentemente (ver 2ª Coríntios 6:14). E nessa oração não adianta acrescentar no final: “no nome de Jesus”.

Certo pregador afirmou com muita convicção e acertadamente dizendo: “Devemos tornar a Bíblia em oração”. E nesse aspecto, A.W.Pink corroborou dizendo: “A Palavra de Deus deveria ser o nosso manual de orações”. Continua o mesmo autor dizendo: Visto que de nós é requerido orar “...no Espírito Santo...” (Judas 20), segue-se que as nossas orações deveriam seguir o padrão das Escrituras, posto que Ele é o seu autor do princípio ao fim. E disso se conclui, por semelhante modo, que segundo a medida em que estiver habitando em nós “ricamente” (ver Colossenses 3:16) a Palavra de Deus – ou então com pobreza – as nossas orações estarão mais ou menos em harmonia com a mente do Espírito, porquanto “...a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34).

O problema na oração é conhecer a mente de Deus e somente o Espírito conhece a mente de Deus. Leiamos 1ª Coríntios 2:11. “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” Aqui vemos que somente o Espírito conhece a Deus por dentro, na sua totalidade.

Leiamos novamente Romanos 8:26-27. “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.”

Primeiro vemos: O próprio Espirito nos ajuda em nossas fraquezas.

Segundo: O próprio Espírito intercede por nós.

Terceiro: O próprio Espírito intercede segundo a vontade de Deus pelos santos.

A esta altura precisamos perguntar: A quem o Espírito ajuda? Resposta: Os Santos, e somente eles, conforme o verso acima.

Podemos ler no Evangelho de João o seguinte: “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.” (João 9:31).

Não adianta pedir a um descrente que ele deve orar se tiver algum problema, porque isso não é correto. Se você o fizer, o que você estará pedindo a ele? Você estará pedindo que Ele fale com Deus. Mas ele está perdido, ele nunca foi através do Único Mediador entre Deus e o homem. Você estará pedindo que ele dê uma volta ao redor do Mediador, e dessa forma não haverá resposta porque a vontade de Deus só se realizará através do Único Mediador, Jesus Cristo. Mas o pecador está separado de Deus, ele está morto nos seus delitos e pecados, ele não tem vida espiritual. Esse pecador e Deus não estão falando um com o outro, não tem relacionamento e a única forma para haver relacionamento tem que ser nas condições de Deus.

Vejam; “o Espirito nos ajuda”, não porque merecemos esta ajuda, mas porque nos tornamos filhos de Deus baseados na Sua graça. Então o Espírito nos ajuda a orar. O pecador não tem prazer em Deus como está escrito: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura” (1ª Corintios 2:14),  mas quanto aos seus santos está escrito: “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus;...” (Salmos 73:28). “Qual é o fator que, sob a benção do Espírito Santo, produz e promove essa alegria na oração? Em primeiro lugar, é o deleite do próprio coração em Deus, como o grande Objeto da oração; e, mais particularmente, o reconhecimento e a percepção de Deus como nosso Pai. Por essa razão é que quando os discípulos pediram ao Senhor Jesus que lhes ensinasse a orar, Ele respondeu: “...vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus...” (Mateus 6:9). E também se lê: “E, porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba (termo hebraico que significa “Pai”), (Gálatas 4:6).

Quando é que O Espírito nos ajuda a orar? Em certo sentido Ele sempre nos ajuda, em todas as nossas fraquezas, quando passamos por tentações, por privações, por necessidades, etc.

A não ser que o Espírito nos ajudasse, nós nunca conseguiríamos orar como convém. É o Espírito que nos traz a convicção do pecado, a conversão, a santificação e é o Espírito que nos capacita a orar.

Quando pensamos em oração nós sempre pensamos em ir ao Pai, e então sempre pensamos em ir através do Filho, mas quase sempre esquecemos que o Espírito também está envolvido.

Há um verso na Escritura que é esclarecedor, está em Efésios 2:18. “Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” Este verso nos diz que vamos ao Pai através de Cristo, e isto pelo Espírito. Não há assistência aos santos de Deus à parte do Espírito.

“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” (Romanos 8:26) Aqui vemos mais uma vez a conexão da responsabilidade do crente e a soberania de Deus. Vemos o crente orando e o Espírito ajudando. Em suma, vemos a cooperação espiritual. “A oração eficiente é um quarteto: o Pai, o Filho, o Espírito Santo e o cristão, disse John Blanchard”.

 Mas, porque não sabemos orar como convém, o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Isso significa que o Espírito nos dá as palavras certas para expressarmos a Deus o que está de conformidade com a sua vontade, ou Ele ajunta aos nossos gemidos em qualquer anelo ou aspiração que não cabe dentro dos limites das palavras. O mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Como já disse Phillips Brooks: “Oração, em sua definição mais simples, é meramente um desejo expresso aos ouvidos de Deus”.

O mais importante na oração, é que o desejo do nosso coração esteja em que a vontade de Deus seja feita. E é aqui que necessitamos da assistência do Espírito: Capacitar-nos a orar de acordo com a vontade de Deus revelando-nos a Sua vontade.

Como disse Al Martin, “Em última análise, que é oração? É a apresentação da minha incapacidade diante de Deus” – pois, “não sabemos orar como convém”.

“O propósito da oração não é fornecer a Deus o conhecimento das coisas de que precisamos, mas confessar-lhe nosso sentimento de necessidade”¹.

Oh! irmãos e irmãs, isto deve ser nosso alvo, que o principal objetivo da oração é que Deus seja glorificado na resposta. Que o Senhor nos dê a graça para compreendermos a real essência da oração, nos capacitar nesse santo dom e nos livrar de somente proferirmos meras palavras.

“Com frequência digo minhas orações,

Mas, realmente chego a orar?

E harmonizo os desejos do coração

Com as palavras que profiro?

Equivaleria a ajoelhar-me

E a adorar deuses de pedra,

Se apenas ofereço ao Deus vivo

Orações que são somente palavras”.



“...Senhor, ensina-nos a orar,...” (Lucas 11:1)



Por: Levi Cândido

                                                            Soli Deo Gloria



Notas:

¹A.W.Pink; ²Pérolas para a vida;

Também nesse artigo foram aplicados alguns pensamentos de John Blanchard concernente à oração.

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