“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt
16.24).
Em Mateus 16, lemos que Jesus perguntou aos seus
discípulos em Cesareia de Filipe: “Quem diz o
povo ser o Filho do Homem?”. Depois de
ouvir suas respostas, ele ainda lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu
sou?”. Pedro, então, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo”.
“Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai,
que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (vv. 16,17).
Pouco depois, Jesus começou a falar aos discípulos a respeito de
sua iminente morte. Imediatamente, Pedro o repreendeu: “Tem compaixão de ti, Senhor;
isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro:
Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas
de Deus, e sim das dos homens. Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (vv. 22-24).
Frequentemente, ouvimos falar de cristãos que vivem conformados
com o mundo, e surge a pergunta: qual a verdadeira causa disso? O que leva
tantos discípulos de Jesus a desperdiçar suas vidas, aceitando a terrível
escravidão da carne ao invés de desfrutar da liberdade, dos privilégios e da
glória dos filhos de Deus?
Outra pergunta, também, vem nos incomodar: quando enfrentamos uma
coisa errada e tentamos lutar contra ela, por que não conseguimos vencê-la?
Qual seria a explicação de ainda vivermos uma vida misturada, dividida e morna,
tendo em vista que já oramos e fizemos centenas de resoluções de abandonar a
prática errada?
A essas duas perguntas há uma única resposta: é a vida do velho homem que está por trás de todos os nossos problemas. Por isso, quando
alguém me pergunta: “Como posso me livrar desta vida carnal e contaminada?”,
minha resposta não é: “Você precisa fazer isso, ou agir dessa forma ou se
esforçar mais”. A resposta só pode ser: “Uma nova vida que vem do alto, a vida
de Cristo, precisa tomar o lugar do velho homem. Só assim é que seremos
vencedores”.
Considere neste texto a expressão “si mesmo”. “Se alguém quer vir após mim,
a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
Esta é a marca do discípulo. O segredo da vida
cristã é negar a si mesmo, pois, ao fazer isso, todas as demais coisas entram
nos eixos. Pedro era um discípulo, uma pessoa ensinada pelo Espírito Santo. Ele
acabara de dar uma resposta que agradou a Jesus profundamente: “Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo”.
Não pense que foi algo normal ou comum. Nós
aprendemos a verdade dessa confissão no catecismo ou nas aulas bíblicas; Pedro
não a aprendeu em lugar nenhum. Jesus viu que o Espírito do Pai havia-lhe
ensinado e disse: “Bem-aventurado
és, Simão Barjonas”.
Veja, porém, como o homem carnal em Pedro ainda
era forte. Quando Jesus começou a falar de sua cruz, Pedro continuou a pensar
sobre a glória: “Tu és o Filho de Deus”. A cruz e a morte de Jesus não
penetraram em sua mente. Ele ainda persistiu em sua autoconfiança e disse:
“Nunca, Senhor! Isso jamais te sucederá. Tu não podes ser crucificado e
morrer”.
Foi por isso que Jesus precisou repreendê-lo: “Arreda, Satanás! Tu és para
mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos
homens”. Em outras
palavras, Pedro estava falando como um mero homem carnal e não como o Espírito
de Deus queria lhe ensinar.
A seguir, Jesus ainda foi mais além e disse a
Pedro: “Lembre-se, não sou só eu que vou morrer; você também vai. Se alguém
quiser ser meu discípulo, ele precisará negar a si mesmo, tomar sua cruz e me
seguir”.
Vamos ficar focados nesta única expressão: “si
mesmo”. É só quando aprendermos a discernir o que é a vida natural, a vida do
velho homem, que entenderemos onde está a raiz de todos os nossos fracassos e
estaremos preparados para ir a Cristo em busca de libertação.
A natureza do velho homem
Vamos considerar, em primeiro lugar, a natureza do velho homem. Depois observaremos algumas de suas obras e
faremos a pergunta: “Como podemos ser libertos dele?”.
O “eu” é a força criada por Deus com a qual ele
dotou cada criatura inteligente. É o próprio centro de existência de um ser
criado.
Por que Deus deu aos anjos e ao homem um “eu”? O
objetivo era que cada um pudesse trazer a vida pessoal como um recipiente vazio
para que Deus o enchesse com a vida divina. Deus me deu o poder da
autodeterminação para que eu pudesse entregar-me a ele todos os dias e dizer:
“Ó Deus, opera no meu ‘eu’; ofereço-me a ti”.
Deus queria um vaso para poder enchê-lo com sua
divina plenitude de beleza, sabedoria e poder. Ele criou o mundo, o sol, a lua
e as estrelas, as árvores, as flores e a grama para mostrar as riquezas de sua
bondade, sabedoria e engenhosidade. A criação cumpre esse propósito, mesmo sem
saber o que está fazendo.
Em contraste, Deus criou os anjos com
personalidade e vontade próprias para ver se se renderiam voluntariamente como
recipientes vazios a serem preenchidos por ele. Infelizmente, nem todos o
fizeram. Um deles, chefe de uma grande companhia de anjos, começou a olhar para si mesmo. Viu os maravilhosos poderes que lhe foram
conferidos por Deus e começou a deleitar-se em si mesmo. Pensou: “Será que um
ser como eu terá que depender para sempre de Deus?”.
Ele se exaltou, o orgulho se auto afirmou em
independência de Deus e, naquele momento, ele se transformou de um anjo
celestial em um demônio do inferno. Uma vida própria, rendida a Deus, é a
glória de permitir que o Criador se revele na criatura. Uma vida própria,
independente de Deus, é a fonte de escuridão e fogo do inferno.
Todos nós conhecemos a terrível história do que
sucedeu depois. Deus criou o homem, e Satanás veio na forma de serpente para
tentar Eva com o desejo de tornar-se como Deus, tendo uma vida independente,
conhecendo o bem e o mal. Enquanto falava com ela, Satanás soprou no seu
interior suas palavras venenosas e o próprio orgulho do inferno. Com isso, seu
espírito maligno, impregnado com veneno mortífero, entrou na humanidade. É essa
vida maldita que herdamos dos nossos primeiros pais.
Foi exatamente esse “eu” independente que
arruinou o mundo e trouxe destruição, pecado, trevas, desgraça e miséria sobre
a humanidade. Tudo o que permanecerá durante os séculos infindáveis da
eternidade no inferno será apenas o domínio do “eu”, da maldição da
independência, separando e afastando o homem de seu Deus e Criador. Se
quisermos entender plenamente o que Cristo fará por nós, se quisermos nos
tornar participantes da salvação completa, teremos de aprender a conhecer, a
detestar e a rejeitar inteiramente esse “eu” maldito.
As obras do velho homem
Quais são, então, as obras que essa vida própria,
contaminada com a natureza maligna, produz? Eu
poderia citar muitas, mas quero concentrar-me nas palavras mais simples e
evidentes que descrevem a vida do velho homem que precisa ser negada e
crucificada continuamente: vontade
própria, autoconfiança e auto exaltação.
Vontade própria ou
agradar a si mesmo é o grande pecado do homem. É a razão por que se faz tanta
concessão ao mundo e à carne, causando a ruína de incontáveis cristãos.
As pessoas não entendem por que não deveriam
agradar a si mesmas e fazer sua própria vontade. A maioria dos cristãos nunca
conseguiu captar a ideia que um discípulo de Jesus é alguém que nunca busca sua
própria vontade, senão somente a vontade de Deus, uma pessoa em quem habita o
Espírito de Cristo. “Eis aqui
estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.9). Vemos cristãos agradando a si mesmos
de mil e uma maneiras e tentando, ao mesmo tempo, ser felizes, bons e úteis.
Não entenderam que sua vontade própria lhes rouba da bênção já na raiz de suas
ações. Cristo disse a Pedro: “Negue a si mesmo”. Ao invés de fazer isso, Pedro
disse: “Negarei ao meu Senhor, mas não a mim mesmo”.
Ele nunca disse isso em palavras, evidentemente,
mas Cristo o advertiu na última noite de que iria negá-lo, e foi assim que
aconteceu. Qual foi a causa de sua queda? O desejo de agradar ou proteger a si
mesmo. Ele ficou com medo quando a criada o acusou de ser um seguidor de Jesus.
Três vezes, ele disse: “Não conheço este homem, nada tenho a ver com ele”. Ele
negou a Jesus.
Pense nisso! Não é de se admirar que Pedro tenha chorado
amargamente depois. Foi uma escolha entre a vida própria, aquele horrendo e
maldito “eu”, e o formoso, bendito Filho de Deus. E Pedro escolheu a vida
própria. Por isso, ao cair em si, ele percebeu: “Ao invés de negar a mim mesmo,
neguei a Jesus. Que escolha horrível eu fiz!”. Não deve nos causar nenhum
espanto que tenha chorado amargamente.
Cristão, olhe para sua vida à luz das palavras de Jesus. Você
encontra ali vontade própria que sempre opta por agradar a si mesmo? Lembre:
cada vez que você procura agradar a si mesmo, você nega a Jesus. É somente um
dos dois. Você precisa agradar somente a ele e negar a si mesmo; do contrário,
agradará a si mesmo e negará a ele.
Depois vêm a autoconfiança, a autossuficiência e a auto dependência. O que levou Pedro a negar Jesus? Cristo o havia advertido; por
que ele não se preparou? A resposta é autoconfiança. Ele estava muito seguro de si:
“Senhor, eu te amo. Durante três anos, tenho te seguido. Estou pronto para ir à
prisão ou à morte”. Foi pura autoconfiança.
As pessoas sempre me perguntam: “Por que eu fracasso? Desejo tão
intensamente e oro com tanto fervor para viver na vontade de Deus”. Minha
resposta geralmente é: “Porque você confia em si mesmo”.
Normalmente, retrucam: “Não, não confio em mim. Sei que não sou
bom. Sei que Deus está pronto para me guardar. Estou colocando minha confiança
em Jesus”.
Mas eu respondo: “Não, meu querido. Se você confiar em Deus,
jamais cairá. O fracasso vem quando confia em si mesmo”.
Precisamos acreditar: a causa de todas as falhas na vida cristã é
simplesmente esta. Eu confio na vida própria (maldita e contaminada) ao invés
de confiar em Jesus. Confio na minha própria força ao invés de confiar na força
infinita de Deus. É por isso que Jesus disse: “Esta vida natural precisa ser
negada”.
Temos também a auto exaltação, outra manifestação da vida natural. Ah, quanto orgulho e inveja
há entre os cristãos! Quanta preocupação com o que as pessoas dizem ou pensam
de nós! Quanto desejo de louvor humano e de agradar às pessoas no lugar de
viver na presença de Deus com o único pensamento: “Estou vivendo para agradar a
ele?”.
Cristo perguntou: “Como podeis crer, vós os que
aceitais glória uns dos outros?” (Jo 5.44). Receber louvor de
alguém torna a vida de fé simplesmente impossível. A vida do “eu” originou-se
lá no inferno. Separou-nos de Deus e tornou-se um terrível enganador que nos
afasta de Jesus.
A troca solene
Chegamos agora ao terceiro ponto: como podemos nos livrar desta vida natural? Jesus
nos responde no texto original: “Se alguém quer
vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.
Note bem: preciso negar a mim mesmo e tomar o
próprio Jesus como minha vida. Preciso fazer uma escolha. Há duas vidas: a vida
do “eu” e a vida de Cristo. Preciso escolher uma das duas. “Siga-me”, diz o
nosso Senhor. “Faça de mim a lei da sua existência, a regra de sua conduta.
Dê-me todo o seu coração. Siga-me e cuidarei de você.”
Ó amigo, veja a solene troca que nos foi
proposta. Venha e veja o perigo da vida deste “eu” com seu orgulho e maldade,
lance-se diante do Filho de Deus e diga: “Nego a minha própria vida, tomo a tua
vida como a minha”.
A razão por que os cristãos continuam orando sem
resultados para que a vida de Cristo se manifeste neles é que não estão negando
a si mesmos. Então, você perguntará: “Como posso me livrar desta vida do velho
homem?”.
Você conhece a parábola: o homem forte guardou a
sua casa até que um mais forte do que ele veio e o expulsou. Quando o lugar
ficou desocupado, varrido e arrumado, ele voltou com sete outros espíritos
piores do que ele (Lc 11.21-26). É somente quando o próprio Cristo entra que o
“eu” pode ser expulso e mantido fora da casa. Este homem velho deseja
permanecer conosco até o fim.
Lembre-se do apóstolo Paulo. Ele havia visto a
visão celestial e, para que não se exaltasse, um espinho na carne lhe foi
enviado para humilhá-lo (2 Co 12.2-9). Havia uma tendência de se exaltar, o que
era natural, e sua carne o teria conquistado se Jesus não o tivesse libertado
com seu cuidado fiel pelo servo amado. Jesus Cristo é capaz, por sua divina
graça, de impedir que o poder do velho homem volte a se afirmar ou que ganhe a supremacia.
Jesus Cristo deseja se tornar a vida da nossa alma. Ele está disposto a
ensinar-nos a segui-lo e a fixar nosso coração e nossa vida somente nele. Ele
deve ser eternamente a luz da nossa alma.
Chegaremos, assim, à realidade do que Paulo
descreveu: “Já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). As
duas verdades precisam andar juntas. Primeiro é “não sou eu”; depois vem “mas Cristo
vive em mim”.
Veja Pedro outra vez. Jesus lhe disse: “Negue a
si mesmo e siga-me”. Para onde ele teria de seguir? Jesus continuou guiando
Pedro, mesmo quando ele falhou. Para onde o levou? Jesus o conduziu até o
Getsêmani, e foi lá que Pedro falhou. Primeiro, dormiu quando deveria ter
ficado acordado, vigiando e orando. Depois, Jesus o levou em direção ao
Calvário, ao lugar onde Pedro o negou.
Era Jesus que o estava guiando? Louvado seja
Deus, era direção de Jesus. O Espírito Santo ainda não fora derramado em poder.
Pedro ainda era um homem carnal. Seu espírito estava disposto, porém incapaz de
conquistar a natureza pecaminosa.
O que Jesus fez, então? Ele continuou a guiar
Pedro para um lugar de quebrantamento e total abatimento e humilhação, da mais
profunda tristeza. Jesus o conduziu, para além da sepultura e da ressurreição,
até o dia de Pentecostes. Então o Espírito Santo veio, trazendo o próprio
Cristo para viver nele com sua vida divina. Daí em diante era: “Cristo vive em
mim”.
Só existe uma forma de se libertar desta vida do
“eu”. Teremos de seguir a Cristo, fixar nosso coração nele, ouvir seus
ensinamentos, entregar-nos a ele cada dia para que ele seja tudo para nós. Pelo
poder de Cristo, negar a si mesmo será uma realidade bendita e contínua. Nunca,
por um instante, espero que um cristão chegue ao ponto de dizer: “Não tenho
mais nada do ‘eu’ a ser negado”. Nunca, por um segundo, poderemos dizer: “Não
preciso mais negar a mim mesmo”.
Não, essa comunhão com a cruz de Cristo será um
processo incessante de negar a si mesmo, a cada hora e a cada momento pela
graça de Deus. Não existe um lugar de plena libertação do poder deste velho
homem pecaminoso. Precisamos manter a posição de estar crucificado com Cristo
Jesus. Devemos viver com ele como aqueles que foram batizados em sua morte.
Pense nisso! Cristo não tinha um “eu” pecaminoso,
mas tinha um “eu”, uma vida e uma consciência humana. Ele realmente entregou
sua própria vida até a morte. No Getsêmani, ele disse: “Pai, não seja feita
minha vontade”. Ele entregou sua vida própria, sem pecado, até a morte, para
poder recebê-la de volta, da sepultura, devolvida por Deus, ressuscitada e
glorificada. Podemos ter expectativa de entrar na vida eterna de forma
diferente?
Tome cuidado! Lembre que Cristo desceu à morte e
à sepultura e que é na morte do “eu”, seguindo a Jesus até a última instância,
que a libertação e a vida nos serão dadas.
Humilhe-se diante do Senhor
Finalmente, que aplicação
faremos desta lição do Mestre?
A primeira lição é que devemos tomar tempo para
nos humilhar diante de Deus. Pense em tudo o que o velho homem é de fato;
coloque na conta dele cada pecado, cada defeito, cada falha e tudo o que tem
desonrado a Deus. Depois, diga: “Senhor, é exatamente isso o que sou”.
Finalmente, deixe o bendito Cristo Jesus tomar todo o controle de sua vida,
crendo que a vida dele pode ser sua.
Não pense que é tarefa fácil se livrar do seu
“eu”. Num culto de consagração e entrega, é relativamente fácil fazer um voto,
oferecer uma oração e fazer um ato de rendição; no entanto, tão solene e grave
quanto foi a morte de Cristo no Calvário – quando entregou sua vida e vontade
imaculadas a Deus – a entrega do “eu” à morte precisa ser uma transação
igualmente solene entre nós e Deus. O poder da morte de Cristo precisa operar
em nós todos os dias.
Pense no imenso contraste entre o voluntarioso
Pedro e Jesus, quando cada um rendeu sua vontade a Deus! Que abismo havia entre
aquela auto exaltação de Pedro e a profunda humildade do Cordeiro de Deus,
manso e quebrantado de coração diante de Deus e do homem! Que contraste havia
entre a autoconfiança de Pedro e a total dependência de Jesus no Pai quando ele
disse: “Nada posso fazer por mim mesmo”.
Fomos chamados para viver a vida de Cristo, e
para permitir que Cristo venha viver sua vida em nós. Entretanto, uma coisa
precisa acontecer antes: aprender a odiar e a negar o velho homem. Como Pedro
disse, quando negou a Jesus: “Nada tenho a ver com ele”, assim nós precisamos
dizer: “Nada tenho a ver com o velho homem”, para que Cristo Jesus possa ser
tudo em todos.
Vamos humilhar-nos ao pensar naquilo que o nosso
“eu” tem feito a nós mesmos e como tem desonrado a Jesus. Oremos com muito
fervor: “Senhor, por tua luz, desnuda o meu velho homem. Suplico que o reveles
totalmente a mim. Abre os meus olhos para que veja o que tem feito e como tem
me impedido de viver a tua vontade”.
Oremos assim com muita intensidade e esperemos em
Deus até que sejamos afastados de todos os nossos exercícios, experiências e
bênçãos religiosos, até que consigamos nos aproximar de Deus com apenas uma
oração: “Senhor Deus, a exaltação do ‘eu’ transformou um arcanjo num demônio e
arruinou os pais de toda a humanidade. Foi a preservação do ‘eu’ que os
expulsou do Paraíso para trevas e miséria, e esse velho homem tem sido a ruína
da minha própria vida e a causa de todos os meus fracassos. Manifesta-o
totalmente para mim”.
Só então virá a bendita troca quando somos
capacitados e preparados para dizer: “Outra pessoa viverá por mim”. Nada mais
nos satisfará. Negue a si mesmo, tome a cruz para morrer com Jesus, siga
somente a ele.
Que ele nos dê graça para entender, receber e
viver a vida de Cristo.
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