“Cristo
em nós.” Levantamos os olhos para o céu e vemo-Lo cercado por todo o Seu
séquito, imbuído de todas as Suas infinitas riquezas e entronizado acima de
todo poder e domínio. Depois de ver todas as riquezas do trono distante,
podemos trazê-Lo aqui para baixo e deixá-Lo erigir este mesmo trono em nosso
coração, fazendo dele um verdadeiro céu.
Se você
ler a Epístola aos Efésios você verá que no primeiro capítulo o apóstolo ora
para que eles levantassem os seus olhos para o céu.
Com os olhos penetrantes e extasiantes da fé,
contemple-O! Veja como Ele ascendeu; Ele está acima da morte; Ele está acima
dos grilhões do sepulcro; Ele está acima das forças da morte e do inferno; Ele
está acima das forças da natureza; Ele está acima das multidões de anjos; Ele
está acima de tudo que pode prejudicar e ferir você. Foi assim que Paulo O
contemplou, muito acima de todo o principado, potestade e domínio, e acima de
todo nome que se nomeie, até que finalmente, atordoado c.om a glória inefável,
ele parou, pasmado.
Esta é apenas uma visão. Mas se continuar
lendo, você encontrará outra visão. Paulo orou primeiro para que víssemos
Cristo no céu. Mas agora ele ora para que sejamos “fortalecidos com poder no
homem interior,” para algo mais sublime e grandioso. “Qual é, Paulo? Pode haver
alguma coisa maior?”
Ah, sim, há. É isto: “E assim habite Cristo
nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a
fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que
excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus”
(Ef 3:17-19).
Este é o outro céu, é o céu trazido para a
terra e implantado em nossos corações. Primeiro vemos Cristo lá em cima. Agora
temos Cristo descendo do céu como a Nova Jerusalém, fazendo Sua habitação no
nosso ser mais interior.
Habitação de Cristo
Este foi o clamor de Paulo em Gálatas 4:19,
por seus filhos espirituais na Galácia: “Meus filhos, por quem de novo sofro as
dores de parto, até ser Cristo formado em vós.” Esta é a sua oração para
aqueles que já são cristãos: “Meus filhos,” vocês são regenerados; mas estou
sofrendo dores de parto até que haja algo mais, até que a pessoa de Cristo
nasça em vocês! Isto é mais do que nascer de novo. Significa que o próprio
Cristo nasce em seu espírito regenerado. Este precioso cofre de ouro que foi
colocado em seu peito se abrirá, e no seu peito surgirá um outro tesouro, mais
brilhante do que o cofre de ouro; a jóia flamejante da presença viva do próprio
Cristo no íntimo de seu coração.
“Meus filhos, embora já tenham nascido de
novo, vocês querem que Alguém maior venha e habite em vocês; e eu sofro dores
de parto até que Cristo seja formado em vocês.”
Não é apenas a formação de um novo caráter,
mas é uma Pessoa que vem viver em você, tomando-se tão unida com você que o
governo estará sobre Seus ombros e você cantará no íntimo de seu coração: “Um
Filho se nos deu; o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para
que se aumente o Seu governo e venha paz sem fim” (Is 9:6-7).
O menino Cristo nasce no coração, para que
tenhamos não somente uma vida convertida, mas a vida de Cristo, uma vida
divina. Não é o cristão batalhando e lutando sozinho, mas o cristão levando o
Senhor dentro coração para lutar suas batalhas, simplesmente se tornando o
templo e o vaso para Deus habitar; para que o Deus infinito possa dizer: “Neles
habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”
(II Co 6:16). Não é: “Eles serão o Meu povo e Eu serei o seu Deus.” Mas é: “Eu”
em primeiro lugar: “Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo.”
Se você olhar no Novo Testamento, encontrará
este pensamento em todos os ensinamentos mais profundos de Cristo. Ele não
arriscou falar disso no início porque Seus discípulos não estavam prontos. Ele
se referiu a isto no sexto capítulo de João, e ficaram ofendidos quando disse:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente;
e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne” (João 6:51).
Eles disseram: “Não conseguimos entendê-Lo.”;
“Este é um discurso duro,”; e foram embora e não andaram mais com Ele.
Obediência a Cristo
Nos capítulos 14 e 15 de João, esta verdade é
revelada mais uma vez. Ele diz “Se alguém me ama guardará as minhas palavras e
eu o amarei e me manifestarei a ele, e meu Pai o amará e nós viremos a ele e
faremos nele morada.”
E, novamente, no capítulo quinze: “Eu sou a
videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer…Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras
estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
E, mais uma vez, Ele diz: “O Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26). No capítulo 17 de João,
Ele diz: “Pai justo, oro por eles, para que sejam um…como nós somos um. Eu
neles e tu em mim.” E Ele acrescenta: “que o amor com que me tens amado esteja
neles, e eu neles esteja.”
Esta foi a última oração que Cristo fez
po*Seu povo: “Eu neles.” No capítulo 17 de João, as palavras de Cristo
alcançaram o nível mais alto e sublime de todas as palavras que Ele falou neste
mundo, e estas últimas palavras “Eu neles,” são as mais preciosas de todas. Ah
amado, se você quiser que esta oração seja cumprida, procure entrar no
significado desta mensagem, e nunca pare até que entre plenamente em toda sua
experiência verdadeira.
Cristo em Vós
Vez após vez, por toda a Escritura,
encontramos a mesma verdade repetida. Em Colossenses o apóstolo fala do
“mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e
que agora foi manifesto aos seus santos.” Ele parece quase receoso de dizê-lo.
Como alguém que vai contar uma notícia fantasticamente boa, ele vai rodeando o
assunto e hesita; é tão grande, este mistério oculto durante séculos, mas agora
está sendo revelado às pessoas a quem ele foi enviado. É o segredo, a pedra
branca com o nome escrito nela que ninguém conhece a não ser aquele que a
recebe.
Foi permitido a Paulo, finalmente, dar à
noiva, este anel de sinete. Este é o segredo: “Cristo em vós, a esperança da
glória.” Você já o recebeu? Foi revelado para você? Esta é a safira que supera
todas as outras glórias da Nova Jerusalém: “Cristo em vós, a esperança da
glória.”
Paulo testifica em Gálatas 2:20: “Já estou
crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim, e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim.” Foi assim que Paulo obteve a revelação, morrendo
para sua própria vida e tomando Cristo no seu lugar.
Ainda uma outra vez o Senhor veio até a Ilha
de Patmos e deu a João esta última mensagem: “Eis que estou à porta e bato: se
alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele
cearei, e ele comigo” (Ap 3:20).
Veja o que foi escrito para a Igreja de
Laodicéia o povo que chamava a si mesmo de a Igreja de Deus, mas cujo coração
estava preso e fechado; o ego estava assentado no trono: “Rico sou, e estou
enriquecido, e de nada tenho falta.” E do lado de fora daquele coração, com Seus
cabelos molhados com o orvalho da manhã, está em pé o próprio Jesus implorando
na soleira da porta, batendo, esperando e dizendo: “Se alguém ouvir a minha voz
e abrira porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”
Oh, isto não é uma figura patética e
vergonhosa! E lembre-se, está endereçada à última das sete igrejas, à última
representante do cristianismo moderno; à igreja de hoje. Ele está do lado de
fora e você dentro, satisfeito que Ele está ali. E Ele está dizendo: ‘Tu não
sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego e nu,” enquanto você
está dizendo: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.”
Viver é Cristo
Se você se lembrar do que Jesus disse no
quinto capítulo de João, verá que Ele não tinha uma vida independente em Si
mesmo, mas era constantemente dependente de Seu Pai para cada palavra e ação. A
vida de Cristo em nós é exatamente a mesma vida que Cristo viveu na terra. Não
é estranho ouvi-Lo dizer, apesar de todos os Seus recursos: “O Filho, por si
mesmo, não pode fazer coisa alguma…Como ouço, assim julgo” (Jo 5:19,30).
Jesus, que andou nesta terra como nosso
modelo, nunca tentou ser independente, mas constantemente recebia vida de Seu
Pai; e vivia por Ele. “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo
Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim” (Jo 6:57).
Recebendo Tudo De Cristo
Portanto, Ele quer que eu e você vivamos por
Ele. Ele está, simplesmente, repetindo a vida que Ele viveu quando caminhou
pelos montes da Galiléia; completamente dependente, um servo vazio, que recebia
tudo lá de cima. Por isso, agora, Ele requer que eu e você sejamos servos
vazios, recebendo tudo Dele também. “Naquele dia,” “quando o Espírito de
Verdade vier,” Ele lhe dará algo que fará você sentir-se importante, algo que o
tomara tão puro que ficará admirado com sua própria santidade? Nem um
pouquinho.
Isto é o que acontece quando o Espírito Santo
entra no coração: “Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai.” Você
entenderá como é a minha ligação com o Pai e como dependo Dele por Minha
própria vida. E você aprenderá com isso a depender de Mim. “Naquele dia
conhecereis que estou em meu Pai e vós em mim, e eu em vós (Jo 14:20). Você não
saberá que é santo e forte; mas saberá que Eu sou santo e forte e que sou em
você sua pureza e força, e até sua própria vida e poder.
Ele simboliza esta união dando a figura dupla
de um glorioso nascer-do-sol e uma cena caseira. Primeiro “Eu me manifestarei.”
Esta é uma palavra grega que significa resplandecer, exprimindo a mesma idéia
de Isaías quando ele diz: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e
a glória do Senhor vai nascendo sobre Ti” (Is 60:1). Isto é o que Jesus queria
dizer com as palavras: “Eu me manifestarei a ele.” Como sugere a última
promessa do Velho Testamento: “Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol
da justiça, e salvação trará debaixo das suas asas” (Ml 4:2).
A outra figura é a de uma casa. “…e viremos
para ele, e faremos nele morada” (Jo 14:23). Nós faremos do seu espírito o
nosso lugar de habitação e o coração, outrora triste e pecaminoso, se tomará o
lugar de um rei onde habitaremos sob a sombra de Sua presença e na alegria de
Sua comunhão.
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