“Quem sabe se para
tal tempo como este chegaste a este reino?” (Et 4.14).
As histórias de Daniel, Esdras, Neemias e
Ester contêm grandes milagres da providência divina e, por terem sido épocas
que prefiguravam profeticamente os últimos tempos, estão repletas de
ensinamentos para nós hoje.
Deus se agrada em realizar sua obra usando os
instrumentos mais fracos e menos capazes de atingir seus objetivos. Como sempre
agiu assim no passado, sem dúvida fará da mesma forma nos nossos dias. Ele usou
um jovem cativo, o piedoso Daniel, como instrumento para humilhar todo o
império da Babilônia e para deixar seu soberano, Nabucodonosor, prostrado
diante de Jeová.
Deus usou esse mesmo Daniel, com sua oração
de fé, para levar os cativos de volta para a sua terra de herança por meio de
um decreto de Ciro. Ele também usou um punhado de humildes operários, sob a
liderança de Zorobabel e Jesua, para restaurar a cidade destruída e o templo.
Pouco mais tarde, a jovem hebreia, a linda
Ester, foi o instrumento escolhido por Deus para salvar todo o seu povo do
extermínio planejado pela astúcia e crueldade do maldoso Hamã. A história da
vida dela está cheia de ensinamentos divinos para os dias de hoje.
Na ocasião do texto
citado no início, o primo de Ester, Mordecai, havia-lhe pedido que usasse sua
influência para neutralizar o decreto fatal contra os judeus que Hamã acabara
de obter junto ao rei. Enquanto ela hesitava em arriscar a própria vida,
apresentando-se diante do rei sem ser convidada, seu primo (que a criara como
filha) mandou entregar-lhe uma mensagem com estas palavras solenes, a fim de
lembrá-la do verdadeiro propósito de ter sido escolhida para sua posição de
destaque e privilégio: “Quem
sabe se não foi para este momento que foste conduzida à realeza?” (versão Al21).
Para cada um de nós, Deus concedeu uma área
(ou reino) de influência e autoridade; e, em sua providência, colocou-nos em
ocasiões e circunstâncias ideais para exercitarmos a autoridade que nos foi
confiada.
Nosso reino
Amado, você reconhece que tudo, desde as suas
características pessoais até suas atrações naturais e talentos intelectuais,
são um legado de Deus e para Deus, concedidos a fim de que você utilize com
muito temor sua influência e autoridade para ampliar o Reino dele?
A posição social e as circunstâncias da nossa
vida fazem parte do nosso reino. Deus conduziu Ester, na sua providência, para
um palácio e a transformou na esposa de um rei, dando-lhe, dessa forma, uma
influência que se estendia a praticamente todo o mundo conhecido daquela época.
De modo semelhante, Deus deu a cada um de nós
um lugar na vida que inclui relacionamentos, amizades, laços familiares,
riqueza ou pobreza, ocupação e negócios – todos os quais servem como canais de
santa influência e oportunidades de serviço divinamente concedidas em favor do
seu Reino.
Não cabe a nós escolher o lugar que
ocuparemos e, sim, decidir o que faremos com ele. Às vezes, o lugar mais
humilde é tão importante quanto o mais proeminente, assim como aquele pequenino
eixo de rubi no relógio é o que faz todo o mecanismo funcionar.
Aquela humildezinha serva na casa de Naamã
transformou o destino de um eminente príncipe da Síria, e o José na prisão ou
na cozinha foi um fator tão importante na história do mundo quanto o José no
trono.
Reconheçamos, pois, cada lugar que ocupamos
na vida e cada circunstância que vem pelo nosso caminho como uma ocasião
definida que aconteceu para algum propósito divino e que deve ser usada por nós
para o serviço e a glória do nosso Deus.
Você está num círculo familiar? Você está ali
para ser uma bênção para os que estão ao seu redor. Você é rico? O seu dinheiro
não lhe pertence, mas é um fundo a ser administrado de acordo com os interesses
de Deus. Você está bem posicionado no mundo dos negócios? Você está aí não
simplesmente para aproveitar oportunidades de ganho e de engrandecimento e,
sim, para glorificar a Deus e ser uma bênção para todos os seus contatos.
Você é um operário na fábrica? Você está aí
para a salvação de alguém ou para exaltar o nome de Cristo diante de alguma
desonra ou insulto, ou para dar um exemplo que leve os outros a ver e
reconhecer o Mestre.
Você está no meio de colegas antipáticos e
profanos? Você está ali para mostrar-lhes a luz que nunca procurarão na Bíblia
ou em qualquer outro compêndio por conta própria, mas somente na carta viva da
sua vida.
Deus o ajude a reconhecer o seu reino ou
esfera de influência e a usá-lo para o seu Rei!
Suas experiências
espirituais constituem um reino mais elevado
Você nasceu de novo para que pudesse se
tornar pai (ou mãe) de filhos espirituais. Você foi levado a passar pelas
diversas experiências da sua vida cristã para que, à medida que conte sua
história a outros, o coração deles seja convertido, confortado e instruído.
Cada disciplina que você sofreu teve o propósito de prepará-lo para orientar
alguém que esteja numa experiência semelhante.
Tem passado por sofrimento? É para que saiba
confortar outros com o mesmo conforto que recebeu da parte de Deus (2 Co
1.3-4). Está feliz? É para que possa espalhar sua alegria sobre corações
obscurecidos por tristeza. Foi salvo do perigo ou da tentação? É para que
consiga proteger outros das mesmas armadilhas. Está firme, fortalecido, bem
ajustado? É para que, agora, possa igualmente fortalecer seus irmãos (Lc
22.31-32).
Seus dons e
habilidades espirituais constituem um reino mais elevado ainda
Deus lhe deu suas promessas –
extraordinárias, grandes e preciosas. Que reino de influência divina é este!
Contudo, elas lhe são dadas para serem usadas na obra dele. É isso que você
está fazendo? Está usufruindo toda a plenitude de sua herança para a glória e o
serviço dele?
Deus lhe deu a sua preciosa fé. Você a está
usando como instrumento para abençoar os outros, para glorificar a Deus e
construir o seu reino? E, como Abraão, tem permanecido inabalável na fé (Rm
4.13-21), sem vacilar nem duvidar das promessas, dando glória a Deus?
Deus lhe deu sua poderosa palavra. É o
Evangelho, o poder de Deus para a salvação. É um tremendo reino da verdade!
Como ele quebranta e cura os corações dos homens! Como santifica, estimula,
enobrece, movimenta e revoluciona toda a sociedade humana! Você está usando
essa força poderosa para espalhar o Evangelho e para estabelecer o reino da
verdade em todas as terras?
Deus lhe deu o Espírito Santo, o poder mais
extraordinário que um mortal pode possuir, para habitar no seu interior, para
governar e usar sua vida, operando poderosamente por seu intermédio. Você está
usando esse tremendo poder? Já se rendeu totalmente ao seu domínio? Recebeu o
batismo de poder para capacitá-lo para o seu serviço? Está permitindo que ele
opere em você os dons do Pentecostes (Lc 24.49; At 1.8)?
Deus lhe deu, também, o poder da oração, o
braço que move o Braço que realiza todas as coisas. Que poder incalculável há
na oração de fé para abrir os céus, para abençoar o coração dos homens, para
conquistar o poder de Satanás, para trazer a salvação, para superar as mais
formidáveis dificuldades e os piores inimigos e para realizar tudo aquilo que
as nossas fracas mãos humanas jamais conseguiriam! Que reino incrível Deus nos
deu!
Além de tudo isso, há ainda as grandiosas
expectativas: a esperança da sua vinda, a herança da sua glória, a certeza de
que reinaremos com ele! Sem dúvida, deveríamos nos portar como filhos do rei e
sair com verdadeira fé e coragem, com santa inspiração e dignidade, para
representá-lo (2 Co 5.20).
A parábola das minas
foi dada para gravar essa lição solene. Ensina-nos que nosso Rei deu a cada
pessoa um valor para administrar em seu favor, juntamente com a ordem: “Negociai até que eu volte” (Lc 19.13). Podemos fazer muito ou
pouco com esse valor, conforme sejamos fiéis e diligentes ou negligentes e
omissos.
Cada um de nós tem uma oportunidade igual, e
os frutos diferentes entre um e outro não são tanto uma questão de quem recebeu
mais capacitações, mas de como foi usado aquilo que nos foi confiado (Mt
25.14-30; Lc 19.11-27).
Quando Jesus voltar, cada um de nós será
chamado para apresentar o que fez, a fim de receber a devida recompensa de
acordo com o serviço fiel que foi prestado. Que responsabilidade recai sobre
nós que recebemos em abundância; porque de quem muito recebeu, muito será
exigido (Lc 12.48; Rm 14.12).
Os recursos completos
da sua graça
Não há obra que Deus espere de nós para a
qual não tenha feito provisão completa nos infinitos recursos da sua graça.
Nenhuma obra que empreendermos será ousada demais, conquanto estejamos em total
dependência dele. Ele nos deu todos os recursos necessários e jamais ordenou
que alguém fizesse guerra às suas próprias custas. Ele é capaz de nos fazer
abundar em toda a graça, a fim de que tenhamos ampla suficiência em todas as
coisas e em toda boa obra (2 Co 9.6-8).
Será que compreendemos, amado leitor, o lugar
de destaque que ele nos deu? É como a posição que foi dada para Ester. A Igreja
de Deus é a Noiva do Rei dos reis que foi elevada da insignificância e da
desvalorização para a posição de dividir todos os recursos e glória da
divindade, para representá-lo em toda a sua plenitude, para ter livre acesso a
todo o seu poder e para usá-lo para estabelecer o Reino do Noivo.
Revistamo-nos, então, de toda a sua glória e
saiamos para cumprir suas ordens! Viemos ao reino justamente para uma ocasião
como esta!
Ó filha de Sião,
desperta, desperta, reveste-te da tua fortaleza; veste-te das tuas roupagens
formosas; sacode-te e toma assento. Solta-te das cadeias de teu pescoço, ó
cativa filha de Sião. Sai em toda a glória de Deus até que o mundo admirado
pergunte: “Quem é esta que
aparece como a alva do dia, formosa como a lua, pura como o sol, formidável
como um exército com bandeiras?” (Ct
6.10; Is 52.1).
Ester foi preparada especialmente para
enfrentar o desafio do seu tempo; do mesmo modo, Deus tem preparado cada um de
nós exatamente para a crise que nós teremos à nossa frente. Assim que prepara o
instrumento para realizar uma obra, Deus revela a obra para a qual foi
preparado. Logo que Paulo ficou pronto, a missão aos gentios lhe foi
apresentada. Assim que Felipe obedeceu ao Espírito e foi para o deserto, o
eunuco apareceu para receber a sua ministração.
Sinais dos nossos
tempos
Deus nos ensina que cada período da história
tem um significado especial. Quando Jesus andou na terra, ele condenou
severamente os homens da sua geração por não entenderem os sinais dos tempos.
Ele também espera que compreendamos o significado da nossa época. Como Davi,
precisamos servir à nossa geração pela vontade de Deus.
O Espírito Santo foi prometido para nos dar
discernimento de espíritos, a fim de captar o significado do nosso contexto e o
pensamento de Jesus, nosso Mestre, para a obra que precisa ser realizada no
meio dos conflitos atuais.
No tempo de Ester, o diabo estava trabalhando
intensamente para destruir a esperança dos judeus, o povo escolhido, e Hamã já
tinha conseguido do rei aprovação para exterminá-los. Se o seu plano não
tivesse sido impedido, em poucas semanas a linhagem prometida, por meio da qual
o Messias haveria de vir, teria sido cortada, e a esperança da redenção do
mundo teria naufragado.
Por isso, era tão indispensável que Hamã
fosse neutralizado quanto o era que Jesus Cristo viesse na carne. Era uma
questão de enormes consequências. Satanás percebia sua importância e preparou
uma obra prima de sagacidade e crueldade. Entretanto, ele levou a pior e foi
amplamente superado no confronto pela infinita sabedoria de Deus, usando como
instrumento a vida de Ester.
De maneira semelhante, hoje, o diabo está
intensamente empenhado, mais do que nunca, porque sabe que seu tempo está
acabando. Seu objetivo é destruir a credibilidade da Bíblia e da Igreja de
Deus. Ele quer transformar a igreja num clube social e o ministério numa
profissão ambiciosa.
Além disso, fora da igreja, ele está gerando
várias formas de maldade por um lado, enquanto, por outro, tenta absorver os
corações dos homens na busca de prazer, de amor ao dinheiro, de ambição por
poder e pelas dezenas de milhares de objetivos fascinantes para a ilusão dos
falsos desejos.
Seu grande objetivo é destruir a vida
espiritual da Igreja e eliminar o Cristo vivo e sobrenatural da fé cristã. Que
Deus nos ajude a compreender sua estratégia e a manter firme o reino de fé, de
poder, de esperança e santidade que ele nos confiou. Revestidos com toda a
armadura de Deus, resistamos às hostes espirituais da maldade no dia mau (Ef
6.10-20) e, havendo feito tudo, fiquemos firmes!
Estranhos para Deus!
Como no tempo de Ester, vivemos numa época em
que as pessoas estão em perigo. O povo dela estava em perigo de ser aniquilado.
As pessoas à nossa volta não estão em perigo ainda maior? Não existem membros
da nossa família que estão perecendo agora sem Cristo? Não existem pessoas no
nosso círculo social que são estranhos para Deus e estão morrendo sem o seu
amor celestial?
E não existem, no círculo mais amplo do
mundo, milhões de pessoas passando para a eternidade, a cada segundo que passa,
apresentando-se diante do Juiz, enquanto o seu sangue é respingado sobre as
nossas extravagâncias, e a sombra escura da sua maldição cai sobre os nossos
semblantes egoístas, se não tivermos feito tudo ao nosso alcance para
salvá-las?
Não são estes os tempos previstos na profecia
quando as boas novas do Evangelho seriam levadas em asas voadoras até os
confins da Terra (Mt 24.14), para que o Senhor pudesse voltar brevemente?
Os não alcançados estão suplicando para nós,
e aquele que ouve o seu clamor também está olhando para nós. Deus permita que
tenhamos ouvidos e coração responsivo; pois, meu irmão, “quem sabe se para tal
tempo como este chegaste a este reino”?
Estamos nas horas
finais desta era
Deus tem pesado sua mão poderosa sobre as
nações por causa de seus pecados. Ele está abrindo caminhos em alguns países
como nunca antes na história do mundo. Está marchando em direção ao seu alvo.
Há um barulho nas copas das amoreiras e ouve-se uma voz que pede que
despertemos, porque o Senhor já saiu diante de nós para entregar os filisteus
em nossas mãos (2 Sm 5.24).
Caro leitor, você sabe se veio para o reino,
na sua situação específica, para um tempo como este? Acorde para descobrir o
significado desta época e produzir fruto com o valor de uma vida inteira; que
você seja encontrado, na volta de Jesus, cooperando com Deus naquilo que talvez
seja a última campanha da dispensação cristã (2 Co 6.1-2)!
Como nos dias de
Ester, este é um tempo de crise. Todos os homens estão conscientes de uma
estranha agitação no coração, um anseio por algo que vai acontecer. Os
estudiosos da profecia estão interpretando esse profundo clamor como um dos
sinais previstos nas Escrituras Sagradas, como o som de trombeta que breve
soará: “Eis o noivo! Saí ao
seu encontro!” (Mt 25.6).
Que privilégio podermos viver num tempo como
este! Que responsabilidade, também, pois envolve andar com ele com roupas
brancas, com atitude atenta, vontade obediente, olhando para cima, em santa e
confiante humildade. O Filho do Homem é como um homem que se ausentou do país,
deixou sua casa, deu autoridade aos servos, a cada um a sua obrigação (Mc
13.34), e ordenou ao porteiro que vigiasse.
Sejamos como os homens que aguardam a
aparição do seu Senhor e que se esforçam para apressá-la (Lc 12.13-59).
Perigos da
negligência
Você está utilizando as oportunidades
gloriosas que outras gerações teriam prezado e recebido com grande alegria? Dia
a dia, você está procurando oportunidades, reconhecendo-as quando aparecem e,
alegremente, se apressando para aproveitá-las?
Levantemo-nos para satisfazer as mais
elevadas expectativas do nosso Senhor; apropriemo-nos de toda nossa
responsabilidade e dos desafios diante de nós. Que sejamos achados dignos deste
tempo glorioso em que o Mestre permitiu que nosso lugar no seu plano fosse
escolhido!
Nenhum comentário:
Postar um comentário