segunda-feira, 27 de julho de 2015

Considerando o equilíbrio: soberania divina e responsabilidade cristã



Amados irmãos e irmãs, graça e paz em Cristo!
Com a graça de nosso Senhor, consideraremos alguns textos de sua palavra concernente ao tópico supracitado. Abrimos então no texto de Filipenses capítulo 2:12-13, onde se nos diz: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.”
A vida cristã não é inerte, mas progressiva. O verso 12 apresenta-nos a responsabilidade do cristão em conexão com a soberania de Deus na salvação conforme o verso 13. Isto é, sendo salvos pela soberana graça, somos exortados a correr com perseverança a carreira que nos está proposta, focalizando o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Analisemos cuidadosamente os versos em referência em espírito de oração, rogando ao Senhor para que nos dê espírito de sabedoria e de revelação para a consistente compreensão de sua palavra. Amém.
O texto supracitado aplica-se a salvos e alude-se ao “desenvolvimento” da salvação ou ao progresso espiritual. Não é questão de obter a salvação, mas de desenvolvê-la. “O crescimento não é produto do esforço, mas da vida”(1). Somente aos regenerados é aplicável a exortação acima. Não há nenhuma incoerência entre soberania divina e responsabilidade humana apresentada na Bíblia. Aliás, não há paradoxo nas Escrituras Sagradas, elas são infalíveis e verdadeiras em sua essência e jamais poderão contradizer-se. Concordo com John Newton que disse oportunamente: “Atribuirei todas as aparentes incoerências da Bíblia à minha própria ignorância”. Cito também uma declaração oportuna de J.C.Ryle nesse contexto. Disse ele: “Deveria ser para nós uma regra estabelecida, nunca abandonarmos um grande princípio, por causa de dificuldades, uma vez que tenhamos nos apossado dele. O tempo aclara as coisas que a princípio pareciam escuras”. Pois bem, há uma harmonia vital entre os ensinamentos de Paulo, dos demais apóstolos, dos profetas e do próprio Senhor Jesus em todo o contexto das Escrituras. A imagem divina se acha estampada em cada página das Escrituras. Todos os autores bíblicos foram movidos pelo Espírito de Deus. “sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens {santos} falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” ( 2ª Pe 1:20-21) Conforme Martin Lloyd-Jones comentou: “Na Bíblia há 66 livros, escritos num período superior a 1600 anos, por mais de 40 escritores e, contudo, virtualmente, todos dizem a mesma coisa”. Nos versos apresentados em nosso texto base, temos um perfeito e indispensável equilíbrio entre a atitude dos salvos ante a soberania de Deus. De um lado a soberania de Deus é exaltada devidamente, do outro, a responsabilidade dos salvos é considerada diante da maravilhosa graça. A graça divina não fere a responsabilidade humana, antes a habilita. É imprescindível que tenhamos a mesma percepção que tivera o apóstolo Paulo em todos os aspectos tratados, pois há grande perigo de assumirmos uma atitude de parcialidade diante do contexto geral de um assunto em que a ênfase recai apenas sobre um aspecto da verdade em detrimento de outro. Ninguém possui o direito de tomar um texto fora de seu contexto para usá-lo como pretexto. Se alguém o faz está a incorrer em sério risco de ser julgado como mentiroso ou falsificador. Deve haver o pleno equilíbrio da verdade em todas as suas nuanças. “Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso... e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (PV 30:6 , AP 22:19)
C.H.Spurgeon deixou escrito o seguinte com respeito a soberania divina e a responsabilidade humana: “Vocês sabem, meus caros amigos, que o costume generalizado entre os vários ramos do cristianismo é o de tomar uma parte da Bíblia e pregar aquela parte e então é o dever de todos os teólogos daquele ramo não pregar nada além disso. Ou se eles acharem um texto que aponta em uma direção diferente, é esperado que estes cavalheiros torçam o referido texto de modo a adaptá-lo ao credo deles, partindo do pressuposto de que somente um conjunto de verdades seja possivelmente digno de ser defendido, nunca entrando na cabeça de algumas pessoas que podem haver duas verdades aparentemente irreconciliáveis que, não obstante, são igualmente valiosas. Não pense que eu venho aqui para defender o lado humano da salvação às custas do divino; nem tampouco desejo engrandecer o lado divino às custas do humano. Em vez disso, peço que olhem para os dois textos que estão juntos diante de nós (ele faz menção de João 6:39-40), e estejam preparados para receber os dois conjuntos de verdades. Eu creio que é uma coisa muito perigosa dizer que a verdade encontra-se entre os dois extremos. Não. A verdade está nos dois, na compreensão de ambos; não em pegar uma parte disso e uma parte daquilo, reduzindo um e adaptando o outro, como é costumeiro, mas crendo e dando plena expressão a tudo aquilo que Deus revela independentemente de nós podermos reconciliar as coisas ou não, abrindo nossos corações como as crianças abrem seus entendimentos ao ensino de seus pais, sentindo que se o evangelho fosse tal que nós pudéssemos torná-lo um sistema completo, nós poderíamos estar bastante seguros de que não seria o Evangelho de Deus, porque qualquer sistema que vem de Deus deve ser por demais sublime para que o cérebro humano possa compreendê-lo pelo seu esforço. E qualquer caminho que Ele siga deve se alongar até muito distante da linha da nossa visão, não permitindo, portanto, que façamos um belo e pequeno mapa perfeitamente esquadrinhado. Este mundo, nós podemos mapear prontamente. Vá e adquira cartas náuticas ou topográficas e você descobrirá que homens de entendimento indicaram quase toda pedra no mar, quase toda vila na terra. Mas eles não podem mapear os céus daquela maneira, porque embora você possa comprar um atlas celestial, contudo você sabe muito bem que nem uma em dez mil estrelas pode ser posta ali; quando elas são exibidas pelo telescópio elas se tornam completamente inumeráveis, e de tal maneira excedem qualquer contagem que é impossível para nós colocá-las em ordem e dizer: este é o nome dessa e aquele é o nome daquela. Nós precisamos abandoná-las: elas estão além de nós. Há profundidades nas quais nós não podemos espreitar; nem mesmo o mais forte telescópio pode nos mostrar mais do que um mero canto dos mundos estrelados.
Assim também ocorre com as doutrinas do Evangelho: elas são muito brilhantes para os nossos olhos fracos, muito sublimes para o esquadrinhamento das nossas mentes finitas, a não ser a uma distância desprezível. A nós só nos cabe aceitar tudo o que pudermos do seu solene propósito, acreditar nelas de todo coração, aceitá-las com gratidão, e então cair aos pés de Deus e derramar nossas almas em adoração”. Irmãos e irmãs, é fundamental que atentemo-nos neste assunto, principalmente nesses dias turbulentos em que vivemos como igreja de Cristo. Em vários lugares em que muitos professam a fé cristã, transparece o fato de que esse assunto é uma heresia, ou até antibíblico. Mas precisamos considerar atentamente tudo isso à luz das Escrituras Sagradas, pois onde há vida há crescimento, indiscutivelmente.
Àqueles que conhecem ao Senhor em contraste com os que não O conhecem, é evidente pela declaração do Senhor: “Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.” (Dn 11:32)
Considerando a necessidade de progresso espiritual em nossos dias, dentro desta perspectiva, o irmão Romeu Bornelli de São Lourenço, Minas Gerais, já disse com muita propriedade: “Progresso é uma necessidade urgente das nossas vidas como pertencendo ao nosso Senhor. Porque irmão, não sei se você já pensou quanto a isso, mas não há condição de nós nos estagnarmos na vida cristã; ou nós estamos avançando, ou nós estamos retrocedendo. Nunca podemos estagnar, porque a vida cristã é uma dinâmica, é um movimento de avanço. Não há como avançarmos e permanecermos estagnados. Se nós não estamos avançando, nós estamos definitivamente retrocedendo. Porque não é uma questão de crescermos em compreensão intelectual; é questão de crescermos em uma relação”.
Foi A.W.Pink quem também deixou-nos algo de muito valor nesse contexto em seu proveitoso livro intitulado “Enriquecendo-se com a Bíblia” (Editora Fiel). (Os irmãos podem fazer o download gratuitamente deste livro através do link: http://www.irmaosemsaolourenco.com.br/livroseapostilas.html Recomendo aos irmãos como fonte de leitura e pesquisa) .
Vejamos o que disse Pink: “A verdade de Deus bem poderia ser assemelhada a uma vereda estreita, a cada margem ladeada por um precipício perigoso e destruidor: em outras palavras, fica entre dois golfos de erro. Essa figura simbólica, como se pode perceber, é apropriada devido à nossa tendência de passar de um ponto extremo para outro. Somente a aptidão outorgada pelo Espírito Santo pode permitir-nos preservar o equilíbrio, pois a falta de tal equilíbrio inevitavelmente nos levaria a cair no erro; pois o erro não é tanto a negação da verdade, mas antes, é a perversão da verdade, em que lançamos uma parte dela contra a outra”.
Então, vemos que o apóstolo Paulo tinha a mente de Cristo.( I Co 2:16) Os seus ensinamentos eram provenientes do Espírito Santo. Foi sob esta plena convicção que ele pode expressar-se dizendo: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós.” (Fp 3:17)
Conforme a visão de Paulo, tudo na vida cristã é pela graça, do princípio ao fim. O apóstolo considerando a soberania de Deus na salvação proclamou convictamente: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp 1:6) Podemos ler igualmente em 1ª Ts 5:23-24 esta verdade: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.”. Indubitavelmente, “Deus cuida de nós, purifica-nos e continua sua obra em nós, até levar-nos ao fim de sua promessa”(2). Ora irmãos, aqui o apóstolo expôs com absoluta certeza que o mesmo Deus que iniciou a boa obra nos cristãos levará a efeito até ser plenamente completada. Isto está perfeitamente relacionado ao verso 13 do capítulo 2 de Filipenses que estamos considerando: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” É desta perspectiva, considerando a soberania de Deus na salvação que Paulo associou o dever cristão ao plano salvífico, sob o patrocínio da graça, conforme o verso 12; “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”. Este texto não supõe cheiro de esforço carnal, mas aroma de vida para vida, motivado pelo amor constrangedor de Cristo Jesus. “Deus sabe que, de nós mesmos, nada temos, por conseguinte, no concerto da graça ele não exige mais do que dá, mas dá o que exige, e aceita o que dá”(2). Todo o nosso fruto encontra-se no Senhor mesmo. “Ó Efraim, que tenho eu com os ídolos? Eu te ouvirei e cuidarei de ti; sou como o cipreste verde; de mim procede o teu fruto.” (Os 14:8) Isto é graça, absolutamente graça! Porém, conforme expressou Jonathan Edwards: “Na graça eficaz não somos meramente passivos, nem ainda Deus faz um pouco e nós fazemos o restante. Mas Deus faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus produz tudo, e nós agimos em tudo. Pois é isso que Ele produz, isto é, as nossas obras. Deus é o único verdadeiro autor e a única verdadeira fonte; nós somos tão-somente os verdadeiros agentes. Somos, em diferentes aspectos, totalmente passivos e totalmente ativos”. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Rm 11:36)
Filipenses 2:12, se inicia com a seguinte expressão: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença...” Concernente à obediência cristã, John F. MacArthur Jr; cita em seu precioso livro “Chaves para o crescimento espiritual” o seguinte: “O verdadeiro crente demonstra que conhece a Deus por um profundo desejo em seu coração de ser obediente. A guarda habitual, a cada momento, da Palavra de Deus num espírito de obediência é sinal do cristão maduro. Quando as pessoas dizem ser cristãs, mas vivem como bem entendem, completamente desinteressadas em obedecer os mandamentos de Deus, elas debilitam aquilo que dizem”. O mesmo autor, no segundo parágrafo do início do referido livro comenta: “Esteja certo de que Deus deseja que todo o crente atinja a maturidade espiritual. Sua Palavra nos ordena. "Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo..." (II Pedro 3:18)”. “A obediência não impedirá a decomposição de nossa vida física, mas fará cessar a decadência de nossa vida espiritual”(3). Isto não significa, obviamente, inerrância ou perfeccionismo. Todavia, como alguém já considerou, “o cristão perfeito é aquele que, tendo consciência de seus próprios fracassos, está decidido a avançar para o alvo confiando tão somente na suficiência da graça de Cristo”. Atentemo-nos ao que disse o apostolo Paulo: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:12-14) “A vida cristã não consiste em lutarmos por uma posição, mas à partir de uma posição”(4). Devemos despojar-nos de toda idéia de inatividade em nossa jornada rumo à eternidade, porém, nesta jornada, devemos caminhar sob o patrocínio da superabundante graça diariamente. Aludindo-se à importância das boas obras no plano salvífico de Deus, recorremos novamente à citação de Pink: “Falando aos judeus e abordando um outro assunto, disse o Senhor: "...o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Marcos 10:9) Ora, em Efésios 2:8-10, Deus reúne duas das mais vitais e benditas realidades, às quais jamais deveriam ser separadas em nossas mentes e em nossos corações, embora assim suceda com frequência, nos púlpitos modernos. Quão grande é o número de sermões alicerçados sobre os dois primeiros desses versículos, os quais declaram enfaticamente que a salvação vem pela graça, mediante a fé, e não através das obras. No entanto, quão raramente somos relembrados de que a declaração que começa a falar sabre a graça e a fé só se completa no décimo versículo, onde somos informados: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas". Os irmãos percebem a importância das boas obras na vida dos salvos? Certamente Deus é glorificado por elas. Foi Ele quem as preparou antes de nós nascermos para a Sua glória. “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5:16) Porém é necessário termos em conta a importante recomendação de João Calvino: “Deus nunca receberá o que lhe é devido a não ser que sejamos totalmente reduzidos a nada, de forma que se veja claramente que tudo o que é louvável em nós não provém de nós”. “Senhor, tu hás de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas obras.” (Is 26:12) Foi dentro desta perspectiva que Robert Murray M'Cheyne corroborou dizendo: “Estou convencido de que nada está florescendo em minha alma, a não ser que ela esteja crescendo”. De fato não pode haver indiferença na atitude dos genuínos filhos do Aba, uma vez que foram conquistados pelo amor constrangedor de Cristo. “Creio que, se há uma coisa que fere o coração do Mestre com dor indizível, esta não é a iniquidade do mundo, mas a indiferença da igreja”(5). “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2º Co 5:14-15) “Quando os barcos de pesca pesados e difíceis de manejar são deixados na terra alta e seca, nada pode movê-los, senão o fluxo e refluxo da maré. Quando a grande força da maré enchente cobre a praia, pode fazer flutuar o barco mais pesado, e o eleva tão gentilmente, e ele flutua tão facilmente, que não envolve nenhuma tensão ou nenhum perigo. É isso que o amor de Deus em Cristo faz quando vem ao nosso coração. Tem poder para elevar o nosso espírito, purificar nosso coração e mover os desejos mais íntimos e obstinados da nossa vontade, e, contudo, faz isso tão gentil e bondosamente que a vida é mantida e a alma é enriquecida”(6). O amor de Cristo! Ó precioso amor! É um amor contínuo, sempre presente, sempre permanente, sempre ativador. “Tem poder para elevar o nosso espírito, purificar nosso coração e mover os desejos mais íntimos e obstinados da nossa vontade, e, contudo, faz isso tão gentil e bondosamente que a vida é mantida e a alma é enriquecida”.
Foi com muita percepção que nosso amado irmão Tomaz Germanovix compartilhou-nos a palavra dizendo: “Não devemos colocar um ponto final depois do novo nascimento, mas uma vírgula”. Creio ser assim mesmo, amados. Inseridos no reino de Deus através do novo nascimento, o caminho do cristão é livre e desimpedido para o fim determinado pelo Senhor. Cada regenerado deve perseguir o alvo determinado por Deus. “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (PV 4:18; 2ª Co 3:18) “A vida que os santos desfrutarão nos lugares celestiais será tão-somente o término e a consumação daquela vida que, após terem sido regenerados, viveram nesta terra. A diferença entre essas duas fases não é de tipo, e, sim, apenas uma diferença de grau. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Se porventura alguém não tiver andado com Deus neste nível terreno, também não poderá habitar com Deus, lá nas alturas. Se não tiver havido real comunhão com Deus, dentro do tempo, não haverá comunhão com Deus na eternidade. A morte física não produz qualquer transformação vital no coração. É verdade que, no caso dos santos, por ocasião da morte física, os remanescentes do pecado ficarão para sempre deixados para trás, mas nenhuma natureza nova lhes é conferida naquela ocasião. Portanto, se alguém não odiou ao pecado e não amou a santidade, antes da morte, certamente não o fará depois.
Ninguém deseja realmente ir para o inferno, embora poucos sejam verdadeiramente aqueles que estão dispostos a abandonar aquela estrada larga que inevitavelmente termina ali. Todos os homens gostariam de ir para o céu; mas quem, dentre as multidões de cristãos professos, está realmente disposto e resolvido a palmilhar por aquele caminho estreito que é o único que conduz até ali? É neste ponto que podemos discernir o lugar preciso que tem as boas obras, em conexão com a salvação. As boas obras não merecem a salvação; mas estão inseparavelmente ligadas a ela. Não ganham um título de posse dos céus, mas se encontram entre os meios que Deus determinou para que Seu povo chegasse nos lugares celestiais”(7). Deus não vai diminuir o padrão de conduta que Ele requer dos seus filhos conforme estabelecido em Sua eterna sabedoria. O irmão Arcádio Sierra Díaz disse sabiamente: “A Deus não se pode servi-Lo com aquilo que não procede Dele mesmo”. Isto está em perfeita harmonia conforme podemos ler nas Escrituras: “Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça,Todos os cantores, saltando de júbilo, entoarão: Todas as minhas fontes são em ti.” (II Co 9:10, Sl 87:7b) Este é o cântico dos vencedores: “Todas as minhas fontes são em ti.” “Assim como a desesperança do pecador de receber qualquer ajuda de si mesmo é o primeiro requisito para uma conversão real, também a perda de toda confiança em si mesmo é o principal fator para o crescimento do crente na graça”(7). “E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus,” (2ª Co 3:4-5) “Cristo mesmo é a dinâmica de todas as exigências de Deus”(5). Por isso, concernente aos filhos de Deus está determinado: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo,” (Ef 4:13) Agostinho de Hipona aspirava: “Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”. O cristão regenerado tem seus olhos voltados para a excelência da pessoa e da obra de Cristo, e anela pelo resultado completado dessa obra em sua vida. Foi sob este enfoque que nosso amado irmão Gino Iafrancesco considerou mui sabiamente este foco dizendo: “A excelência de Cristo se demonstra na excelência do resultado da Sua obra excelente, e esse resultado é a Igreja”. Concernente a Igreja, Cristo a amou e a si mesmo se entregou por ela “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” (Ef 5:25-27) O irmão John Murray também nos ajuda a pensar neste aspecto do progresso espiritual do crente quando disse: “A obra de Deus em nós não é suspensa porque nós operamos, nem nossa obra é suspensa porque Deus opera. Nem esta relação é estritamente de cooperação, como se Deus fizesse a sua parte e nós fizéssemos a nossa, de tal forma que a conjunção ou a coordenação de ambas produzisse o resultado requerido. Deus opera em nós e nós também operamos. Mas a relação entre as obras é esta: porque Deus opera, nós operamos. A nossa participação no progresso da santificação é apenas um avanço no conhecimento espiritual, o qual, realmente possuímos como herança em Cristo. Na verdade, isto significa: crescer no conhecimento da obra e da Pessoa de Jesus, e perceber o que já é nosso.” Disse Cristo: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15: 5) Observem irmãos, Ele não diz, “vós podeis fazer um pouco, mas nada”(2). Irmãos e irmãs, “a nossa união com Cristo não visa apenas usufruirmos dele, mas somos parte dele para frutificarmos por meio dele e para Ele”. “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Todos os vossos atos sejam feitos com amor. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Cl 3:17; ICo16:14, Rm 11:36) Alguém já disse que “Amor e obediência a Deus estão de tal modo interligados um com o outro que a existência de um necessariamente compromete a presença do outro”. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp 2:5-8) A expressão, “o mesmo sentimento”, equivale a: “a mesma disposição mental”, “a mesma atitude”, “o mesmo desprendimento”. Isto significa que Cristo é o maior exemplo de humildade, abnegação e amor, e tudo, absolutamente tudo, podemos encontrar somente nele mesmo. Assim disse o Senhor: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Mt 11:28-30, Jo 15: 5) “Em si mesmos os crentes não possuem vida, poder e vigor espiritual. Tudo o que possuem em sua vida espiritual, procede de Cristo”(8). E a mesma disposição mental daqueles que receberam a Cristo como Senhor e Salvador é expressa nas Escrituras: “Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome. Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo.” (Sl 86:11,Sl 119:35) O apóstolo Pedro recomendou aos irmãos em Cristo: “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pe 2:2) Thomas Manton foi muito feliz em sua colocação quando disse: “Precisamos não somente de luz para reconhecer o nosso caminho, mas também de um coração bem disposto para andar por esse caminho. A orientação é necessária por causa da cegueira de nossas mentes; e os impulsos eficazes da graça são necessários por causa da fraqueza dos nossos corações. Não cumpriremos ao nosso dever mediante a mera noção das verdades, a menos que as abracemos e as sigamos”. “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” (II Pe 1:10) O novo nascimento é a porta de entrada para o reino eterno de Deus. Uma vez nascido de novo há vida e vida com abundância. “Podemos fazer uma comparação entre o crescimento de um recém nascido e o desenvolvimento da vida espiritual em busca da maturidade. Você começou como um bebê espiritual, como um recém-nascido em Cristo. Entretanto ainda não está completamente desenvolvido. Para experimentar a plenitude da nova vida devem ocorrer crescimento e desenvolvimento espirituais”. E a Palavra de Deus é o alimento da nova criatura. “O cristão é gerado pela Palavra e precisa ser alimentado dela”(9). “Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” (Mt 4:4) Por isso, com razão Geoge Muller ponderou: “Se de fato o Espírito Santo nos guia, Ele o faz de acordo com as Escrituras e nunca de maneira contrária a elas”. Cristo é a Palavra que se fez carne (o Verbo divino), por isso é o alimento (o genuíno leite espiritual) que dá vida e crescimento ao crente. “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia.” (I Pe 2:2-3, Sl 34:8) Com respeito a Sua Palavra disse o Senhor: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15:7) Isto é, “As palavras vivas de Cristo comunicam sua pessoa”, por isso o surgimento das perseguições da parte do mundo contra aqueles que são do Senhor. “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.” (Jo 17:14) Amados, todos os filhos de Deus que almejam e buscam diligentemente viver com seriedade diante do Senhor e dos homens, para em tudo agradar ao Senhor, de fato sofrerão perseguições e, por vezes, os perseguidores serão os da sua própria casa, ou aqueles que dizem ser irmãos espirituais. Isto já fora abordado nas Escrituras: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (II Tm 3:12)
Mas o cristão genuíno desprezará as afrontas, as calúnias, os maus entendidos por amor a Cristo, e juntamente com John Brown ele concordará que “É infinitamente melhor ter o mundo inteiro como inimigo e Deus como amigo do que ter o mundo inteiro como amigo e Deus como inimigo”. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.” (Salmo 1)
“Assim a alma é ensinada a viver de cada Palavra que procede da boca de Deus. Gentilmente desligada de toda dependência das experiências, emoções ou apoio externos, a Palavra do Senhor se torna seu fundamento básico, porque a Palavra do Senhor permanece para sempre”(10).
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (II Tm 3:16-17) “As Escrituras não foram dadas para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa vida”(11). O propósito supremo de Deus ao dar-nos a Sua palavra foi para que através dela possamos ter a mente e o caráter de Seu Filho. Diz-nos as Escrituras: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós;” (Gl 4:19), e as Escrituras tem esta eficácia, esta finalidade. Cristo orou ao Pai em nosso favor assim: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17) O que Ele estava dizendo é: “Pai, leve-os a alcançar o teu propósito para o qual vim realizar neles”. E o propósito irmãos e irmãs, já fora definido aos santos do Senhor conforme podemos ler em I Corintios 1:30 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. Este é o alvo de cada nascido de novo: ser conformado à imagem de Cristo.
Por isso os santos declaram: “Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado. Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl 119:96-97)
Logo, sendo a palavra de Deus viva e eficaz, concede vida, transforma, divide o que é da alma e do espírito e tem a aptidão de realizar aquilo pela qual foi designada. “assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Is 55:11, Hb 4:12) A salvação de Deus à luz de Sua palavra compreende a regeneração do Espírito, a santificação da alma e a glorificação do corpo. O nosso espírito foi regenerado por Deus através da morte e ressureição de Cristo, a nossa alma está sendo salva continuamente (santificada), através do Espírito Santo em nós pela eficácia de Sua palavra, e nosso corpo será vivificado pelo mesmo Espírito para ser igual ao corpo da glória do Senhor. A plenitude da salvação dos eleitos de Deus converge para a Sua própria glória. “no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” (Cl 3:11, 1ª Co 15:28) Observem irmãos e irmãs, a palavra de Deus nos mostra que o Senhor nos regenerou pela palavra da verdade para que fôssemos o Seu povo peculiar, criados para Sua glória. Nosso fim principal é glorificar a Deus e ter comunhão com Ele para sempre. Leiamos 1ª Pedro 1:23, Tiago 1:18 e 1ª Co 10:31. “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” “Um bom cristão não é como o sol de Ezequias, que recuou, nem como o sol de Josué, que permaneceu imóvel, mas como aquele que está sempre avançando em santidade e elevando-se no crescimento de Deus”(12). Amados irmãos, à luz das considerações acima, atentemo-nos à seguinte reflexão: “Deus opera em nós para que façamos aquilo que Lhe agrada e satisfaz. Ou seja, desenvolver a nossa salvação com temor e tremor agrada a Deus. Somos muito queridos de Deus e quando fazemos aquilo que Lhe agrada, Ele fica satisfeito. Esta é a essência de qualquer relacionamento: queremos agradar a quem amamos. Queremos causar satisfação Àquele que perdoa as nossas iniquidades, resgata-nos da condenação eterna, coroa-nos com graça e misericórdia, enche de bens os nossos anos, de modo que a nossa mocidade se renova como a da águia (Salmos 103:3-5). Vemos que há uma maravilhosa combinação entre os nossos esforços e os recursos, providenciados por Deus. Servimos a um Deus que nos dá poder para vivermos para Sua glória. Este é o mistério do Cristianismo: "Cristo em vós, a esperança da glória" (Colossenses 1: 27) Deus nos chama para vivermos vidas santas, mas é Ele quem nos santifica. Deus nos convoca a servi-Lo, mas, na realidade, é Ele mesmo que nos impulsiona a isso por meio do Seu próprio poder em nós. A obra é dEle, mas é nossa também. A glória, contudo, pertence, somente a ELE”(13). Assim, somos eternamente gratos ao Senhor, “dando graças ao Pai, que (nos) fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.” (Cl 1:12)
Irmãos e irmãs, à luz do que somos em Cristo Jesus pela sua graça, e o que seremos segundo a riqueza desta graça, vivamos em união com Ele, “desenvolvendo a nossa salvação com temor e tremor, porque Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”. Amém.

"Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos."Zc 4:6b


(Levi Cândido)
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(1) Augustus H. Strong, (2) Richard Sibbes, (3) Ian Barclay ( 4 ) Alguém ( 5 ) F. B. Meyer (6 )J.Douglas MacMillan (7) A.W.Pink, (8) J.C.Ryle, (9) William Gurnall, ( 10 ) Jessie Penn-Lewis (11) D.L.Moody (12) Thomas Watson, (13) Jornal "Os Puritanos" Ano IV – No. 4 – 1996 (9) ( )Publicado por Phil Johnson no site Pyromaniacs. Tradução: Juliano Heyse

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Um comentário:

  1. Queridos irmãos e irmãs, graça e Paz! No parágrafo onde aparece a palavra 'nuanças', a palavra mais apropriada seria 'facetas' em substituição à mesma. Favor considerar. Deus abençoe!

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